Black Bear é o mais novo filme escrito e dirigido por Lawrence Michael Levine, cuja trama gira em torno de uma jovem atriz e produtora independente que resolve passar uns dias em um chalé remoto em busca de inspiração. O filme é estrelado por Aubrey Plaza (Brinquedo Assassino, 2019), Sarah Gadon (True Detective) e Christopher Abbott (Possessor).
É um filme que implora para ser visto e dissecado. Você deve estar em um bom dia e com vontade de assistir algo em que possa explorar diversas camadas profundas e intrínsecas para finalmente encontrar a mensagem do filme.
É como se fosse um filme dentro de um filme, uma narrativa complexa que faz você ficar coçando a cabeça e pensando sobre o tema, mesmo depois que ele termina. Ao fim você ficará com aquela sensação de dúvida sobre o que é real e o que era a imaginação da artista. Tudo isso envolvido em uma mistura estonteante de suspense que nos envolve de forma milimetricamente calculada.
Inicialmente nós conhecemos a personagem de Aubrey Plaza, a Allison, quando ela chega a um AirBnB administrado por Gabe (Christopher Abbott) e Blair (Sarah Gadon), um casal que está prestes a ter seu primeiro filho, enquanto tentam lidar com um relacionamento que parece não estar vivendo seus melhores dias.
Allison é uma cineasta independente que viajou para o chalé do casal na esperança de encontrar inspiração para seu próximo filme. A motivação acaba aparecendo na própria figura do casal Gabe e Blair. O que começa como uma dinâmica lúdica entre os três indivíduos, rapidamente se transforma em caos e confusão.
E é aqui que ocorre uma mudança chocante que irá afastar ou prender os espectadores de uma vez por todas. O filme passa a nos apresentar uma tensão quase palpável que nos faz perguntar o que se passava na cabeça do diretor Lawrence Michael Levine.
Se você embarcar na história e estiver disposto a mergulhar na narrativa irá se surpreender com o filme. Não é um filme de fácil digestão, é mais lento do que os filmes comerciais e tem um roteiro complicado. O longa trata de diversos temas que vão do bloqueio criativo de um escritor a banalidade de papéis tradicionais de gênero no cinema, há muito o que aprender com o Black Bear.
Embora a narrativa sinuosa possa ser confusa às vezes, o que realmente vende o filme são as atuações. Se a química entre esses os três protagonistas não existisse, o filme nunca teria funcionado, mas no caso de Black Bear, as performances são um espetáculo à parte.
Plaza, Abbott e Gadon transmitem de forma real sua confiança e vulnerabilidade em seus papeis. Seus personagens são humanos e imperfeitos, principalmente Abbott que faz um papel de um homem imensamente tóxico no relacionamento que vive.
Não se engane, Black Bear é filme caótico e confuso, é um quebra-cabeças complicado que pode frustrar alguns, ao mesmo tempo em que recompensará aqueles que estão dispostos a olhar mais fundo nas mensagens ocultas do filme e juntar suas peças.
Por mais imenso que pareça o terreno onde fica a pousada, quanto mais você se aprofunda na trama do filme, mais claustrofóbico se sentirá, pois a tensão aumenta a níveis absurdos.
Black Bear é um filme que mostra até onde alguns estão dispostos para serem inspirados independente do preço. Minha única crítica é que eu gostaria que o roteiro fosse um pouco menos confuso, para que ele fosse melhor apreciado e mais palatável aos diversos tipos de apreciadores de thrillers psicológicos.
Black Bear (2020)
IMDb | Rotten Tomatoes | Letterboxd | Filmow
Direção Lawrence Michael Levine
Duração 1h45min
Gênero(s) Terror, Thriller, Drama, Comédia
Elenco Aubrey Plaza, Sarah Gadon, Christopher Abbott +
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