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Foto do escritorTati Regis

Gaia: uma viagem sensorial poderosa

Gaia é o tipo de filme que me ganha já nos primeiros minutos pois já começa com imagens dignas de vários one perfect shot. Temos uma tomada aérea de um drone que viaja lenta e fixamente por cima de uma densa floresta na África do Sul, e se move num vai e vem, obedecendo ao fluxo como se soubesse do grandioso poder que carrega e exerce nas nossas vidas. Quem manipula o aparelho é a guarda e pesquisadora do serviço florestal, Gabi (Monique Rockman), que está junto de seu colega Winston (Anthony Oseyemi) percorrendo o rio num barquinho.


Os dois acham que estão sozinhos, até o drone mostrar rapidamente o rosto de um homem que captura o aparelho e encerra a transmissão. Contra a vontade de seu companheiro de trabalho, Gabi vai resgatar o objeto, mesmo Winston sendo contra a decisão. Ele alerta: "quem entra nessa floresta corre o risco de nunca mais sair". A guarda está decidida e como a gente sabe que o filme tem que acontecer, o colega ainda solta ironicamente a frase "você parece aqueles brancos de filmes que veem uma coisa errada e vai lá conferir o que é". A partir daí eu já estava completamente imersa na história.



Mas, vamos lá. Floresta adentro, Gabi segue sua busca até cair numa armadilha e se machucar horrivelmente. Ela é socorrida por dois homens, pai e filho que vivem e sobrevivem de forma primitiva nessa floresta. Eles a levam para uma cabana pra cuidar do ferimento, desenrolando em uma história de cunho fortemente filosófico, metafórico e um eco-horror cronenberguiano com direito a crítica ao consumo desenfreado de uma sociedade voltada ao antropocentrismo.


Dirigido por Jaco Bouwer a partir do roteiro de Tertius Kapp, a alucinante e alucinada viagem de Gaia ainda traz fungos e cogumelos como seres elementais e primários da natureza e do mundo. São tratados como verdadeiros deuses por Barend (Carel Nel), que antes de abandonar a "civilização" era um fitopatologista e agora venera esse tipo de vida com um certo fanatismo. Tem um motivo, bastante plausível e triste. A trama segue entre essa relação de Gabi com Barend e o filho Stefan (Alex Van Dyk), um adolescente ingênuo e curioso que se encanta pela moça.


Bem, não vou ficar aqui descrevendo detalhes pra não estragar a experiência caso você resolva assistir, até porque esse é um filme extremamente visual desde o começo até seu último minuto, passando por uma figura estranha e monstruosa que mistura forma humana com cogumelos e fungos. Aliás, é o visual e a estética sensorial que carregam esse filme quando a história vai ficando desinteressante, perdida e até óbvia. Vale a pena ver? Vale sim pelo subtexto social que carrega sem ser carola e pela potência visual fantástica, horrífica, dramática e poderosa.


 

Gaia (2021)


Direção Jaco Bouwer

Duração 1h35min

Gênero(s) Terror, Fantasia, Drama

Elenco Monique Rockman, Carel Nel, Alex van Dyk +


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