Um dos netos de Sam Raimi
Desesperadas em se recuperar do fracasso comercial do seu último filme, duas documentaristas, encontram uma história que talvez possa lhes tirar o nome da lama. Decidem investigar o caso de Emily que desaparecera ao ir grafitar num lugar abandonado. Ao seu lado, estava o amigo, parceiro de gravações, que registrara a tudo com a sua câmera. As filmagens mostravam Emily atravessando uma porta amarela e não voltando mais. Descrentes com aquelas imagens, achando se tratar de uma montagem bem feita, invadem o local onde tudo aconteceu. Roubam a porta e a levam para o apartamento onde moram. E nesse desvairo, acabam levando para casa, além duma prova do crime, um portal para outras dimensões.
Ora ficção cientifica, ora terror-terrir, mas sempre found footage, Hostiles Dimensions, nos faz saltar por multiversos disparatados. Como, por exemplo, um parque de diversão habitado por um urso panda, sim, um dos seres mais fofos e dóceis existentes, com um apetite voraz pelo homicídio; uma cidade onde titãs amarelos e vigilantes, promovem uma destruição em massa; ou ainda, um templo obscuro onde uma seita encena continuamente o mesmo ritual, o mesmo sacrifício, a uma entidade desconhecida. Diferentes uns dos outros, esses mundos e o nosso, na trama, se interligam de uma forma subconsciente. Onde a mente/imaginação humana, numa interação com esse(s) universo(s), acaba criando outros mundos. Quais, graças aos efeitos visuais bem executados, conseguimos ter a sensação de estar adentrando num lugar completamente desconhecido, porém, estranhamente possível. É como se ele conseguisse captar a tangibilidade esgarça dos sonhos e pesadelos.
Nessas alternâncias de lugares e humores, reside um grande problema: o pouco tempo dado ao público para se fazer a digestão do que acontece. Ele é vítima do próprio dinamismo: um susto, um riso, um mundo novo, um susto, um riso, um mundo novo. Atrapalhando assim, a construção de uma atmosfera eficiente tanto para o humor, quanto para o assustador. O susto se torna previsível. O humor deixa de ser um alívio passageiro, vira um estorvo. No entanto, quando ele transpõe essa limitação, encontrando o equilíbrio, a película se torna espontânea, nos desperta curiosidade em saber como aquilo é possível, quem é o responsável pela criação daquelas portas e os mundos que nelas habitam.
Já nos minutos finais da trama, há um momento, quando uma das personagens, , toma uma atitude inesperada e definitiva. Qual acontece de forma apressada, soando dramaticamente rasa. O impacto seria muito maior se o relacionamento sáfico entre as duas documentaristas tivesse sido estruturado de uma maneira mais audaciosa.
O grande trunfo do diretor, Grahan Hughes e elenco é a graciosidade em não se levar a sério. Isso colabora para esse terrir-cósmico-pastelão ser carismático. Qual lembra em muito a trilogia de filmes de Uma noite Alucinante, (The Evil Dead), de Sam Raimi, o pai do terrir. Onde o cômico e o aterrorizante convivem numa linha tênue, quase indissociável da loucura. Tornando dessa forma, Hostiles Dimensions um dos netos de Sam Raimi, ao se inspirar nas proezas do passado do avô, criando uma estória amalucada, de baixíssimo orçamento.
HOSTILE DIMENSIONS (2024)
IMDb | Rotten Tomatoes | Letterboxd | Filmow
Direção Graham Hughes
Duração 77 min
Gênero(s) Terror, Sci-fi
Elenco Annabel Logan, Josie Rogers, Joma West +
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