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Isolamento e superproteção em "Il Nido"

Amadurecer já não é uma tarefa fácil, com todas aquelas dúvidas, mudanças e hormônios à flor da pele. Mas em alguns casos, pode ser ainda pior, se você estiver crescendo em um mundo perigoso ou em um ambiente claustrofóbico, com pessoas que parecem não facilitar esse momento tão intenso de transição. E resumidamente, esta pode ser a premissa base para todas as produções de coming of age, termo utilizado para classificar obras que focam no turbulento período entre a infância e a vida adulta.


Todos essas questões são abordadas em Il Nido, filme italiano lançado em 2019 e dirigido por Robert de Feo, que também assina o roteiro ao lado de Margherita Ferri e Lucio Besana. Na história, acompanhamos o jovem Samuel (Justin Alexander Korovkin) em sua jornada para o amadurecimento, vivenciando e descobrindo novas emoções e sentimentos, como a rebeldia, incerteza e, é claro, sua primeira paixão.



No entanto, existem algumas condições que dificultam para que Samuel tenha uma típica vida de adolescente. E muito disso se dá pelo fato dele morar em Villa dei Laghi, uma mansão isolada e rodeada por uma densa floresta, onde ele permanece em uma estrita rotina estudantil, com aulas sobre história e música clássica ministradas pela sua mãe Elena (Francesca Cavallin), sem qualquer contato com o mundo exterior.


O que também implica em uma ausência de amizades com outros jovens, uma vez que as únicas pessoas com quem têm contato, são os funcionários e demais moradores da mansão, que juntos parecem formar uma espécie de seita local. Mas toda essa suposta normalidade é afetada quando Ettore (Carlo Valli), a figura paterna de Elena, aparece sem avisar em um estado grave de saúde, na companhia da jovem Denise (Ginevra Francesconi), que já no primeiro momento chama a atenção de Samuel.


E o que deveria ser somente um romance infantil, acaba por expor todos os contrastes e peculiaridades do ambiente em que Samuel está inserido. O garoto começa a questionar sua realidade, e principalmente as histórias e regras impostas por sua mãe, que cada vez mais soam como sendo injustificáveis e incoerentes, o que a leva a tomar medidas drásticas na tentativa de proteger o filho, a si mesma e a comunidade que construiu.



Desde o início sentimos que há algo muito estranho nessa história, seja pela ambientação ou pela construção de seus personagens enigmáticos e não muito amigáveis. A sensação de que existe um grande segredo por trás de toda aquele comportamento é crescente, ainda mais após a inserção de Denise, que destoa completamente do que acreditávamos ser comum para aquele lugar.


Mas apesar de manejar bem o desenrolar e as descobertas durante o filme, é inegável dizer que sua revelação final parece muito desconexa com todo o clima criado até o momento. Por mais que justifique as condutas e hábitos daquela pequena comunidade, ainda fica a impressão de que foi jogado para os espectadores sem qualquer introdução e indício, o que pode surpreender ou decepcionar aqueles que estavam imersos na atmosfera estranha e claustrofóbica emulada em Il Nido.


O filme estará disponível gratuitamente na programação do XVII Fantaspoa através da plataforma de streaming Wurlak/Darkflix, entre os dias 09 e 18 de Abril.

 

Il Nido (2019)

O Ninho


Direção Roberto De Feo

Duração 1h49min

Gênero(s) Drama, Suspense

Elenco Justin Korovkin, Francesca Cavallin, Ginevra Francesconi +


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