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Foto do escritorIsabela Picolo

Longlegs (2024)

Longlegs é um thriller com toques de terror, dirigido e escrito por Oz Perkins e referencia principalmente dois grandes filmes da década de 90 que envolvem investigação policial (Silêncio dos Inocentes e Se7en). Essas homenagens não se dão apenas pela premissa, mas também nas cores, takes, enquadramentos e no assassino ser meticuloso, cruel e genial ao mesmo tempo.


Há quase 30 anos, uma região específica dos EUA sofre com brutais assassinatos e a agente especial Lee Harker tem a missão de desvendar esses crimes e o mistério por trás deles. Tudo é bem intrigante e estranho, nada se encaixa, o quebra cabeça está praticamente desmontado. Quando Lee, que é uma agente inexperiente entra no caso, as coisas começam a fluir porque ela tem uma característica que dá um ‘empurrãozinho’ na investigação.


O filme foi exibido em alguns festivais, mas na sua estreia nos EUA causou um grande alvoroço e a maior bilheteria da NEON. Isso tem muito a ver com o marketing do filme, pois ele aposta em uma divulgação discreta, que gera a curiosidade e não mostra muito. Também apostou no elenco com grandes destaques para Maika Monroe (Lee Harker) e Nicolas Cage (Longlegs), apesar do seu pouco tempo de tela. Com a divulgação misteriosa, ninguém sabia muito sobre o que o filme ia abordar além da premissa básica. Isso para uma estreia é ótimo, pois as pessoas vão ao cinema assistir pela curiosidade, porém isso pode também gerar decepções. Existem dois caminhos a seguir: apostar no seguro e mostrar quase tudo para atrair quem realmente gostou do que viu, ou mostrar pouco e atrair muita gente, mas possivelmente dar uma falsa percepção em uma parte dos telespectadores, causando uma ideia falsa do que o filme pode ser.


Um dos pontos mais altos do filme com certeza é a atmosfera, porque até você entender o tom do filme, você fica inseguro com as cenas que a todo momento representam um possível perigo para os personagens que estão expostos a esse serial killer. Pelo caso ser muito estranho, você não entende como o assassino trabalha, então não tem como saber onde ele está. A solidão nesse filme é assustadora e parece que os personagens estão sendo vigiados e acompanhados a todo momento. Os planos bem abertos também querem representar o perigo, mostrando a ambientação, a dúvida se estão sozinhos ou não. Quando se dá uma atenção especial para o todo, coisas que parecem despercebidas começam a aparecer. Aí vai uma dica: explorar a cena inteira, porque é um filme que tem a falsa percepção de não mostrar muito, mas a todo momento mostra. Isso tem muito a ver também com todos os simbolismos, alguns representados por formas geométricas, números e outros elementos, pois a lista é longa. É praticamente impossível que uma pessoa note e compreenda todos os simbolismos sem pesquisar ou sem entrar em debate com outras pessoas. Isso enriquece demais o filme, pois gera teorias e interpretações sobre várias camadas do filme, como se cada vez que você assistisse pudesse perceber coisas novas.


Entre algumas curiosidades, Oz Perkins deu muita liberdade criativa para Nicolas Cage criar o assassino Longlegs. Em uma determinada cena, grande parte da filmagem foi cortada porque a gravação ficou rolando por 24 minutos e Oz não quis cortar a performance dele.

Em uma jogada de marketing, um teaser mostra a tensão da atriz Maika Monroe que ficou cara a cara pela primeira vez com Nicolas Cage no personagem. Então quando o ator/atriz entra no filme, muito do que vemos é um medo real, ainda mais quando se contracena com um personagem que tem uma presença tão pesada quanto Longlegs.


A caracterização completa de Longlegs ficou oculta na divulgação do filme e quando foi revelada por inteiro foi um divisor de águas. Eu gosto, porque para mim foi uma tentativa de uma aparência angelical e perfeita, mas acabou dando muito errado. O fato da roupa dele ser branca também é um simbolismo, fazendo referência a 2 Corintios 11:14: 

E não é de se admirar, pois o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz”

Em uma época onde muito se falava sobre Satanic Panic, uma pessoa considerada satanista ao olhos da sociedade não teria nada a ver com Longlegs. Ele usa roupas brancas e chama a atenção apenas para a aparência física e a forma de se portar socialmente.


Longlegs explora muito a solidão e relacionamentos familiares, mentiras protetoras e isolamento. Existe uma frase que é repetida em um diálogo que representa muito bem essa solidão. Alguns personagens também a representam e a própria Lee Harker é um grande exemplo disso. Ela tem uma relação estranha com a mãe, que parece meio distante e próxima ao mesmo tempo. 

Além da relação familiar dos personagens principais- Lee com sua mãe e o agente Carter mencionando sempre sua família-  o assassino só mata famílias.


Quando descobrimos o plot, o filme expõe como tudo aconteceu de uma maneira interessante como uma memória infantil. Parece expositivo, mas não é.


A ambientação do filme só se torna clara quando aparecem figuras marcantes relacionadas às décadas que o diretor quer apresentar, embora existam outras pistas de que o filme não se passa na época atual (ausência de celular, aparelhos e carros antigos). Ele também tem uma divisão temporal que é representada pela câmera. Há diferenças na filmagem quando quer mostrar o passado e o presente.


Com o vazamento do filme antes de sua estreia, muita gente que ia conferir o filme no cinema já está optando por assistir em casa, um grande tiro no pé das distribuidoras (mais uma vez). A recomendação aqui é para ver no cinema porque como eu disse ali em cima, a atmosfera desse filme é incrivelmente tensa.


Aqui no Brasil Longlegs estreia dia 29 de agosto nos cinemas. 

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