Com o terceiro filme de Robert Eggers, podemos definir alguns padrões do diretor. Um deles sem dúvidas é seu comprometimento com a história. Falo aqui de detalhes como adornos dentais nos personagens, por exemplo. Em uma entrevista ele mencionou um famoso rei viking que usava um tipo de ‘enfeite’ nos dentes. Esse tal adorno foi usado para compor o visual da Valquíria, entidade feminina da mitologia nórdica.
Curiosidades à parte, nessa história temos uma vingança baseada no romance escandinavo de Amleth, que inspirou Shakespeare em Hamlet. Para quem acompanha, estuda e entende da história viking, é um presente poder ver esse filme. Quem não está familiarizado, não vai pegar muitos detalhes, mas a história central é fácil de entender e não senti que o filme tenta excluir esse grupo, porém a experiência certamente será diferente para cada um deles.
Já não é de hoje que vingança é usada no cinema, mas sempre cai bem. Nessa trama o rei Aurvandil (Ethan Hawke) é assassinado pelo irmão Fjölnir (Claes Bang). Amleth (Alexander Skarsgård) filho do rei, planeja sua vingança anos depois.
O gênero terror está menos presente que em A Bruxa e O Farol, mas mesmo assim vemos muitos traços de seus prévios trabalhos. Isso foi bem positivo, já que ele deixou a produtora independente A24 e foi se aventurar em trabalhos maiores com a Universal. Ainda sim o diretor deixa sua marca e coloca alguns diferenciais, como por exemplo cenas de lutas em plano sequência. Na primeira, muito bem executada e depois esse artifício é repetido em outras situações. Ele também procura fugir de enquadramentos muito utilizados em grandes produções. Sentimos o peso desse filme em questão de orçamento, mas ainda sim ele tem o que queríamos do diretor.
Além de um elenco incrível mencionado acima, tivemos a volta de Björk nas telonas. Já faz quase duas décadas que ela não atuava. Robert Eggers disse que ela o apresentou para o co-roteirista do filme. Outra atriz que está no elenco é Nicole Kidman, que anda se aventurando em umas coisas bem diferentes.
Outro fator positivo e diferenciado, foi trazer a mitologia viking de forma mais crua e sem romantizar e também explorar de uma maneira incrível o misticismo de religiões pagãs. Isso tudo já era de se esperar vindo do histórico do diretor. Por ter sido feito algo muito mais grandioso em termos de orçamento e estúdio, a minha crença estava meio abalada, mas felizmente não decepcionou.
O Homem do Norte (2022)
The Northman
IMDb | Rotten Tomatoes | Letterboxd | Filmow
Direção Robert Eggers
Duração 137 min
Gênero(s) Fantasia, drama, aventura
Elenco Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Claes Bang +