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Todos Os Meus Amigos Estão Mortos: a festa de fim de ano que deu muito errado

Já faz algum tempo que a Netflix aposta em produções que saem da bolha norte-americana. Não que isso tenha uma receptividade calorosa no Brasil, pois trabalhos que fogem desse nicho tendem a ‘flopar’ ou ter baixa audiência por aqui.


Depois do fracasso de Sem Conexão, ‘slasher de acampamento’ polonês, parece que a Netflix dessa vez conseguiu no mínimo impressionar e surpreender. Todos Os Meus Amigos Estão Mortos instiga pela premissa de uma festa de fim de ano que deu muito errado. É a virada do ano, por mais que muita gente não se empolgue com o Ano Novo, ainda existe aquele fio de esperança por um ano melhor.



Ele começa mostrando uma suposta cena do crime ainda no clima natalino, em uma casa de classe média alta. Pessoas estão caídas pelo chão, quase todas mortas, exceto por uma garota que sai em uma maca falando “todos os meus amigos estão mortos”. Essa é uma parte muito interessante para observar cada detalhe. A intenção é mostrar os personagens que foram mais focados durante toda a trama e que nessa primeira parte já estão mortos.


Na investigação, a dupla de detetives é composta por um novato de estômago fraco sem nenhuma experiência e outro mais experiente, que parece não ligar muito para o que de fato aconteceu no lugar, e de bônus compromete provas importantes. Nesse ponto do filme é onde nos deparamos com aqueles casos sem solução, quando é impossível saber como uma festa poderia acabar daquele jeito. Vimos diversas situações como essa na vida real, onde pessoas desaparecem ou morrem inexplicavelmente em lugares e de maneiras improváveis.


Infelizmente esse filme cai mais uma vez em estereótipos, escolhas burras e clichês, recursos datados que ainda são utilizados e acabam sendo alvo de problematização. Diálogos degradantes comparando mulheres com sabores de pizza, entre outros que mostram como essa é uma reunião de personagens babacas que o universo escolheu para eliminar. Porém, há poucas exceções neste encontro que mereciam ser salvas.


Algumas situações estapafúrdias fazem sentido para o roteiro, proporcionando uma forma de facilitar certos eventos. Brincadeiras com arma de fogo é uma delas, atitudes burras que infelizmente podem acontecer. O exagero nesse filme nos permite embarcar na ideia de que estamos lidando com uma situação improvável de acontecer, mas não impossível. Pode se assemelhar muito à franquia Premonição, mas para se encaixar como um filme da franquia, a sinopse teria que ser mais ou menos assim: 'jovens festejando após terem se livrado da morte e acabam sendo surpreendidos por eventos que colocariam um fim em suas vidas'.


Referências a filmes como Pulp Fiction (Tarantino) e O Iluminado (Kubrick) foram as mais chamativas, mas há também uma possível inspiração no filme Premonição, como citado à cima e Clímax de Gaspar Noé, onde tudo começa numa festa dançante e acaba num inferno psicodélico agoniante.



Festas geralmente são superficiais quando se trata de conhecer pessoas mais profundamente. Essa é diferente, pois acabamos embarcando em um tour pelos personagens e depois vamos conhecendo seus conflitos e segredos mais pesados. Ele vai para um caminho conturbado, onde somos guiados e assistimos os eventos acontecerem, até o desfecho bizarro ser apresentado.


Se analisarmos os personagens individualmente, surgem várias questões. Um está lutando com um dilema moral sobre religião e o sexo antes do casamento, tendo visões de um Jesus Cristo caricato e não muito convencional. Também há o homossexual que se sente pressionado pelo amigo para ficar com mulheres. Uma mãe ausente e um filho que acaba de sair da reabilitação, casais em diferentes momentos do relacionamento. Inúmeras situações definem esses personagens e suas escolhas dentro da trama.


Universos paralelos também são mencionados. Ver produções atuais sem a existência do coronavírus, gera uma estranheza. Em um universo paralelo, esse vírus nunca existiu e também uma coisa muito importante foi descoberta, mas teve um desfecho triste. O final é bem interpretativo e dramático, mostrando como tudo poderia ter sido.


 

Todos Os Meus Amigos Estão Mortos (2021)

Wszyscy moi przyjaciele nie żyją


Direção Jan Belch

Duração 95 min.

Gênero(s) Terror, Drama, Comédia

Elenco Julia Wieniawa-Narkiewicz, Mateusz Więcławek, Adam Woronowicz, Monika Krzywkowska, Paulina Gałązka +

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